5ª Aniversário CKLT – Uma história de meter medo aos ouvidos mais resistentes …

Agosto 2010


Um relato bem atrasado. Mas mesmo fora de tempo é sempre tempo de recordar bons momentos. Se é que consegui lembrar-me dos pormenores. E se houve muitos …. Aqui vai …. Para quem tiver paciência de ler tudo …..









Ora bem … era uma vez um grupo de aficionados de motos (de uma marca alemã .. ) que comunicam através de uma plataforma electrónica a que se dá o nome de fórum BMWCKLT. E por lá vão trocando informações técnicas e menos técnicas, larachas, desconversas e off-topics. Para celebrar tal mostra de sapiência, decidiram comemorar os anos em que andam nestas lides cibernéticas. E vai o quinto ano ….

Tudo começa pelo mote “aniversário” que não é nem mais nem menos que uma desculpa para fazer uns quilómetros e, principalmente, devorar uns petiscos e umas cervejolas. Depois de uma lista de participantes começam as combinações de percurso, algumas delas muito mal combinadas, alterações em cima da hora, estradas supostamente rectas que encurvam de repente.

Eu não fui com combinações. Não posso descrever a viagem do grupo até Mangualde pois parti mais cedo e andei a deambular por vilas e aldeias no centro do país (o meu GPS é um clássico de papel, mas afinal é giro andar perdida nos montes), no entanto assisti à chegada dos heróis que nem vinham cansados mas apenas com calor. Mas não, não é na piscina que o calor passa, é mesmo é abancar no bar, agarrados a um estranho líquido de cor amarela que evaporava rapidamente tal era o “calor”. Destaque especial para a turma dos caloiros nestas andanças que de copo na mão e olhar esbugalhado ouviam as primeiras trocas de galhardetes entre os membros veteranos desta Comunidade. Claro está que os mestres de cerimónia só podiam ser os representantes daquela associação maléfica que organiza (mal) uns eventos para incautos que se fartam de apanhar chuva sempre que alinham com eles. Mas adiante ….


E lá foram chegando mais convivas para o bar, cada um que chegava estava logo desgraçado pois a pena do atraso era o pagamento de uma rodada. Quanto mais tarde chegavam mais pagavam. Nesta altura os caloiros até estavam contentes, já tinham chegado sequiosos de conhecerem aquela malta das BMs e até ajudavam à festa, mais ambientados com o “calor” das jolas. Só a recente caloira feminina se tinha ausentado para local recatado, cansada de dominar os 110 cavalos pela Estrada da Beira, enganada a meio do percurso, pensava ela que ia até Mangualde sossegadinha por estradas largas e direitas.

Histórias de aniversários passados, de passeios memoráveis, de figuras tristes de alguns, despiques e debates, a conversa foi pela tarde dentro, a pilha de copos vazios ia aumentando exponencialmente, até que se conseguiu quórum para a primeira actividade – Todos ao banho!

E lá foram, a correr que nem crianças a ver quem chega primeiro à água, sorridentes e travessos, foram todos, mesmo todos, até a máquina fotográfica da vítima do costume se juntou à festa e lá foi ela para dentro de água. Golfinhos, cachalotes e lontras chapinhavam, mergulhavam e assustavam os restantes hóspedes do Hotel que iam saindo da piscina, sorrateiramente, pasmados com tanto burburinho. A certa altura os tais hóspedes correram desesperadamente para a segurança dos quartos …. Apareceu a Baleia Branca.



Moby Dick, a baleia assassina
É uma história triste. A tragédia abateu-se sobre a família CKLT que ingenuamente celebrava alegremente o seu aniversário. De acordo com as autoridades oficiais, o incidente deu-se ao final da tarde de sábado, dia 22 de Agosto de 2009, no decurso de uma singela paródia dentro de água onde as criancinhas faziam um concurso de fotografia subaquática, sustendo a respiração e fazendo poses para a fotografia, bochechas inchadas, cabelos no ar, olhos arregalados, vai abaixo vai acima.

Segundo testemunhas oculares, um conhecido empresário do sector da restauração exibiu … a baleia branca … uma gigantesca traseira, felpuda e aterrorizante que chispava raios e trovões. O dito cujo abanava os calções ameaçadoramente, assustando tudo e todos, o sol escondeu-se, as crianças choravam, os peixinhos fugiram da piscina, todos correram para dominar tal monstro, foi uma luta tremenda a pontos do nosso moderador nortenho ter caído na piscina todo vestidinho, sapatos, telemóvel e honra dentro de água. Contam-se várias vítimas deste desastre, entre elas várias representantes do sexo feminino que, estarrecidas com tal visão, rapidamente obrigaram os maridos a entrarem em dieta.

Após este triste episódio os convivas rumaram aos quartos para se restabeleceram do susto. O repasto estava marcado para as 20 horas, em puonto, dizia o Mestre Oliveira. Uma vez refeitos da aparição horrenda, lá se juntaram todos de volta de uma panelita de sopita, uma travessa de carnes e enchidos, arroz e salada, refeição frugal comparada com a orgia de petiscos, devorada na Feira Medieval que ainda restolhavam nos estômagos.

Estava na hora de afinar as gargantas. A anunciada surpresa chegou. Mestre Oliveira apoderou-se do microfone e mais ninguém o calou. Apresentou-se às mesas, divulgou as regras da competição, obrigou a malta a pensar em nomes de equipas, a escolher os desgraçados que iriam para as luzes da ribalta. Como se não bastasse, tinha o apoio duma tal de Kota a fingir que era escriba, com uma caneta ameaçadora ia listando as vítimas, uma a uma, para a anunciada surpresa ……. Karalhoque nocturno!

Uma parceria Norte-Sul, uma dupla de fazer fugir o mais afoito, uma partidinha combinada com requintes de malvadez. Era só o que faltava para termos uma indigestão … ouvir a Comunidade agarrada ao microfone a cantar o pimba. É claro que as músicas foram escolhidas com muito empenho, qual delas a mais pirosa, daquelas que todos dizem mal mas sabem a letra toda. Desde a Mónica Sintra ao Emanuel, passando pelo Quim Barreiros e as Doce, o ponto alto no Zé Cabra e a sorte deles é que o CD da Ágata estava avariado.

Perfilou-se o júri, composto por um elemento de cada mesa, nem sei se parecia o júri dos ídolos ou se um pelotão de fuzilamento. Olhar astuto e ouvidos afinados, baba a escorrer nos cantos da boca, aprumados para a carnificina, preparavam-se para pontuar de um até cinco pontos.
Dá-se início à desgraça.

A criatividade foi surpreendente …ora vejam os nomes das equipas:

Afonso de Alb y querque


Papa-Léguas

Mord’a Foca

Papakumama


Noddy-Krull


Da primeira parte não há registos sonoros. Depois deste tempo todo também já não me lembro. Mas há males que vêm por bem …. Não sei se seria agradável ter de descrever esta catástrofe sobrenatural. O primeiro impacto foi … bem. .. foi ….. é melhor nem falar. Como correu tão mal, o pessoal exigiu uma segunda ronda, para desgosto do gerente do Hotel que estava pasmado a olhar, pensava ele que tinha albergado um bando de feios, porcos e maus mas afinal saiu-lhe uma tropa de lateiros, divertidos e esganiçados.

E a segunda ronda não ficou atrás da primeira. A descoberta dos dotes vocais do CKLT foi fenomenal. Já recompostos da surpresa, já mentalizados para competir e ganhar, os participantes deram o seu melhor. E o júri também. Ora dava pontuação máxima, ora fustigava os aspirantes ao sucesso com a pontuação mínima. Já para não falar dos esquemas maléficos de viciação da pontuação e suborno ao júri. Cada vez que os Papakumama actuavam, alguém do júri dava pontuação máxima … A frase do dia era … Oh Élvio, oh Élvio, Jolas à vista … claro que este grito de guerra pirata deu direito a vencer a batalha ….

Mas a trapaceira não ficou por aqui …. Houve mesmo crime grave de furto qualificado, da autoria da equipa do fundo da sala, que sorrateiramente …. Roubou o placar electrónico! …. Foi necessária uma interrupção do programa, desculpas aos espectadores, apelo à Interpol e investigação árdua para descobrir onde aqueles diabos esconderam o rol da pontuação das equipas …. Dois pontos de penalização foi o castigo dos meritíssimos apresentadores/organizadores para os Noddy-Krull … e mais dois pontos na segunda ronda quando se descobriu que tinham sido igualmente os autores do furto da valiosa MontBlanc, a caneta mágica que registava a pontuação.

Resta apenas um problema grande – conseguir descrever a cantoria. Confesso que ando há dois meses a escriturar, apagar e reescrever, mas sem sucesso. Acabei por desistir e assumir a minha incapacidade. Não consigo encontrar palavras nem analogias para o que se passou. Perdoem-me meus Amigos mas não dá.

Como é que vou pintar um quadro escrito com o que vi e o que ouvi?

Este é um caso flagrante em que se aplica o ditado “a imagem vale mais que mil palavras” ….

Não sei se vou conseguir descrever a figura do Barroso e do Fernandes a cantar um grande clássico do Quim - Apita o comboio .. mas a única coisa que apitou foi o quimboio que os participantes fizeram à volta da sala pois os cantores não apitavam nada. De mãos nos bolsos, olhavam para o ecrã a tentar coordenar a leitura e a voz, gaguejavam mas não apitavam ….. até conseguia ler na cara do Barroso as saudades de cabritar pelos montes e ganhar o WTC que enfrentar aquela dura prova. Safou os “Mord'a Foca” a alegria dos dançarinos a rodopiar pela sala, a cantar a plenos pulmões, a barulheira era tal que já não se podia ouvir o comboio.

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E os “Afonsinhos”, representados pelo António, a Mena, o Pedro e a Cristina a cantarem o “Amanhã de manhã” das Doce? Ai Afonsinhos, era melhor ficarem sentaditos a ver as bandas a passar. O entusiasmo era grande e a canção apelativa … tão apelativa que as restantes equipas não resistiram e invadiram o palco a cantar também. Foi melhor assim …

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Dos “Papakumama” esperava-se tudo. Uma equipa de peso formada pelos gritos cavernosos do Piratinha e do Zé Cruz, orquestrados pelo Vítor, tal era o estrondo que nem o suave trinar da Cláudia, da Sónia ou da Odete conseguia abafar. Mas o que não esperava foi ver o respeitável Admin agarrado ao microfone a cantar, sílaba por sílaba, todo o trajecto do “sobe, sobe, balão sobe”.
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Os “Papa-Léguas” fizeram-nos papar a voz profunda e arrastada do Jotinha, uma actuação mais instrumental que cantada, não havia Oliveirinha nem Serra que resistisse ….

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Os Noddy Krull são o maior desafio à escrita. Não há palavras para descrever a sensação de ver os digníssimos ACRB naquela figura. Enrolados nas toalhas de mesa, qual travesti da praça da alegria, tiveram de se enchumaçar de guardanapos e serviços de café para conseguir esganiçar um “Chico fininho”, devidamente bamboleado, rabito a dar-a-dar, um quase strip no final, até o microfone mudou de cor e vertia líquidos, nem o presidente da associação dos subornos conseguiu salvar aquela performance.

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As badaladas da meia-noite vieram transformar os ídolos em abóboras e acabou a algazarra. Mas a noite não ficou por aqui. A malta estava acelerada e alguém falou em actividades de interesse motociclistico. Correria para as motos e lá vão os cavaleiros da noite, colina abaixo, até à concentração de Mangualde. Não sei o que teve mais sucesso, se a madame a despir-se em cima da mesa de bilhar se os veteranos da corrida do Pilau. Primeiro foi um ver se t’avias com as t-shirts do CKLT, encavalitadas, a mirar a cachopa, a gesticular, os principiantes espantados a olhar à volta não fosse alguém reconhece-los. Depois, bem depois foi a estupefacção total. A corrida do Pilau teve direito a fotos, filmes e pasmo. Um par de horas de conversa, de mais umas bejecas e caminho de volta ao Hotel, satisfeitos, roucos e cansados.

E pronto. No final ficou a certeza de um fim-de-semana bem passado, a agradável sensação da amizade e companheirismo entre os membros desta Comunidade, o espírito divertido e … estamos prontos para o Jantar de Natal.
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